Algumas considerações sobre a janela de transferências
Clubes europeus tiveram ontem o fechamento de uma janela de transferências mais minguada, mas que mesmo assim teve suas boas movimentações
Talvez Janeiro de 2023 tenha nos deixado meio, digamos, mal acostumados. Os gastos recordes de mais de 880 milhões de libras na janela de transferências do inverno europeu foi chocante e, como efeito retardado, acabou transformando o período neste 2024 meio frustrante.
Era evidente que, depois de os clubes gastarem demais, iriam ficar de olho apenas em boas oportunidades, talvez (com certeza) com medo das regras de fair play financeiro.
Bem, pode não ter sido exatamente a janela de transferências mais movimentada de toda a história, longe disso, mas ela tem sim seus destaques. Vamos falar um pouco sobre eles, por mais que não sejam muitos.
Dortmund e Tottenham: contratações certeiras e valiosas
Acho que dois clubes que se moveram bastante bem foram o Borussia Dortmund e o Tottenham. Vamos, então, por partes.
O Dortmund trouxe de volta por empréstimo Jadon Sancho em uma transação que escancarou como a diretoria do Manchester United tem sido mais do que péssima. Dois anos e meio após vender o ponta inglês por 85 milhões de euros, o clube alemão pegou ele até o fim desta temporada e deverá tentar mantê-lo depois, contando — e muito — com a vontade do jogador.
O Borussia ainda, também por empréstimo, trouxe o promissor lateral-esquerdo Ian Matsen, que pertence ao Chelsea. Deu profundidade necessária ao elenco e agregou um jogador para uma lacuna que ficou aberta (ou escancarada) com a saída de Raphael Guerreiro para o Bayern de Munique. Não que as contratações deixem o Dortmund na briga pela Bundesliga, longe disso, mas melhoram um elenco que precisava de um choque para, ao menos, se garantir na próxima Champions League. Feito.
Também visando a classificação para a Champions, já que o título da Premier League parece cada vez mais fechado entre Liverpool e Manchester City, o Tottenham, arrisco dizer, foi o grande vencedor desta janela. Radu Dragusin é ótimo, jovem e acaba tapando um belo buraco que os Spurs tinham em sua defesa, sempre convivendo com muitas lesões e suspensões (alô, Romero!).
E focando no futuro, venceram a concorrência do Barcelona e vão levar, mesmo que a partir de junho apenas, o promissor sueco Lucas Bergvall. Aqui, não podemos falar que o jogador fará a diferença, mas vencer um braço-de-ferro com o Barça é sinal de que o Tottenham está sério no mercado — e também de que culés não estão mais tão sérios assim na visão dos jogadores. Palmas para o trabalho que Ange Postecoglou vem realizando dentro e fora dos gramados.
Prêmio prometeu mas não cumpriu vai para…
… o Manchester United, claro. A torcida sonhou em ver seu time comprada por um sheik com dinheiro infinito, acordou feliz com sir Jim Ratcliffe e vai dormir sem reforços. Perdeu Jadon Sancho, o que para Erik ten Hag foi mais um livramento do que uma perda, é claro, mas não trouxe ninguém. Nem Champions, nem Liga Europa e nem a mirrada Conference League: a próxima temporada parece que vai ser bem caseira para os Red Devils.
Não sei se vai dar certo, mas surpreendeu…
… a ida de Giovanni Reyna para o Nottingham Forest. Sinceramente, me parece a cada dia que o norte-americano vai entrar para o nada seleto grupo de jogadores que integram a galeria “Esse sim vai ser o maior jogador dos Estados Unidos de todos os tempos mas não deu em nada no final das contas”. Surgiu como promessa absurda, não correspondeu até o momento e vai tentar se encontrar na Premier League. Pode dar certo, mas está com um cheirinho de que não vai…
Rolou muita festa, mas não entendi o motivo…
… para a contratação de Jordan Henderson pelo Ajax. OK, quando no deserto qualquer gota d’água acaba se tornando uma Coca-Cola gelada (desculpa aí, Cristiano Ronaldo), e o inglês é sim ótimo jogador, mas… poxa, ele foi a camisa mais vendida em menos tempo na história do Ajax — e olha que não falta história ali. Carência realmente faz coisas que nem podemos imaginar.