E agora, de quem será a Champions League?
Pela primeira vez em quase duas décadas, a Champions League começará sem Lionel Messi e sem Cristiano Ronaldo (e sem Neymar também)
Foto: DeFodi Images/Icon Sport
A última temporada foi um aperitivo. Cristiano Ronaldo estava na Liga Europa, Lionel Messi foi eliminado nas oitavas de final e Neymar passou a maior parte do pós-Copa do Mundo machucado. A Champions League praticamente não teve as duas estrelas que a protagonizaram (pelo menos) nos últimos 15 anos. Nem aquele que muitos consideravam o sucessor natural.
O praticamente não se aplica mais à edição que começa na próxima terça-feira porque ela não contará com nenhum deles, pela primeira vez em quase duas décadas. O que nos leva a uma pergunta: quem assumirá esse papel?
De craque da competição, garoto-propaganda, sinônimo de Champions League. O responsável por grandes feitos e novos recordes.
Como estamos falando mais de narrativa e estrelato do que da parte técnica em si, é muito difícil não ser um jogador ofensivo. Então, vamos ver alguns candidatos.
As escolhas óbvias
Precisamos começar com quem meio que assumiu esse papel na última temporada. Não sei se dá para dizer que já foi a Champions de Erling Haaland. Foi mais de Guardiola, enfim campeão depois de deixar o Barcelona, e pela natureza coletiva do Manchester City. Haaland ainda meteu cinco gols em um jogo de mata-mata, então o potencial claramente está lá. Parece sedento por marcas e feitos e números e recordes, um pouco que nem Ronaldo, e às vezes é difícil acreditar que tem apenas 23 anos.
No mesmo patamar está Kylian Mbappé. Provavelmente o melhor jogador em atividade na Europa no momento. Coleciona números excepcionais também e talvez tenha até mais capacidade de decidir as partidas sozinho. O problema é que para ser protagonista da Champions League você precisa conseguir passar das oitavas de final, o que de repente se tornou difícil para o Paris Saint-Germain. E faz tempo que não parece ser para o Real Madrid.
Às vezes a gente não sabe como, mas o Real Madrid está sempre lá. O principal jogador dos merengues é um concorrente natural, e, após a saída de Karim Benzema, o posto é de Vinícius Júnior. Ao inferno com os prêmios individuais: ele já foi um dos destaques das últimas edições e marcou gol de título. Tem habilidade para os lances plásticos e é decisivo, mesmo se a definição ainda não tenha chegado ao patamar necessário para impressionar tanto nas estatísticas.
Os veteranos
Pela idade, estes não conseguirão sustentar uma década de domínio na Champions League, mas ainda têm bola suficiente para serem colocados no pôster por um ou dois anos. Robert Lewandowski teria que, primeiro, superar a história recente de fracassos do Barcelona na competição. E depois reverter a sua própria, nem sempre rica no mata-mata. Harry Kane não teve muitas oportunidades de desfilar na Champions League. Quando o Tottenham chegou longe, ele estava machucado. Mas agora defende o Bayern de Munique, uma das potências da competição, e já está assumindo protagonismo.
O retorno de Antoine Griezmann ao Atlético de Madrid começou conturbado. A torcida ainda estava chateada pela transferência forçada ao Barça. Abaixou a cabeça, trabalhou duro e, depois de brilhar na Copa, está mantendo um nível absurdo de desempenho. É o craque de um projeto que já chegou a duas finais europeias e não é difícil imaginar que o Atlético de Madrid possa chegar longe. Fez o bastante desde a virada do ano para provar que a eliminação na última fase de grupos não era o fim do ciclo de Diego Simeone.
Prestes a dar o salto
Rafael Leão é um bom candidato. Foi craque de um campeão da Serie A, antes de sofrer uma oscilação, mas o Milan se reforçou bem, principalmente no setor ofensivo, o que deve lhe dar mais gente para dialogar. Permanecendo na Itália, o Napoli não conseguiu passar das quartas, derrotado pelos rossoneri, e se a troca de técnicos levantou algumas dúvidas, parece que ainda é um time muito forte. Para chegar longe, provavelmente precisará do brilho de Kvaratskhelia ou de Victor Osimhen, ambos em ótima idade para brilhar por muito tempo na Champions League.
Lautaro Martínez não foi tanto um destaque individual, apesar de importante para a Internazionale chegar à decisão, mas tem o potencial para ser uma grande estrela. Parece ter levado as críticas pela sua fraca Copa do Mundo para o pessoal e cresceu bastante em 2023. O começo de Serie A é fenomenal, com cinco gols em três partidas.
Duas camisas pesadas da Premier League estão de volta e, se estamos falando de explosão pós-Copa, a de Marcus Rashford foi notável. Emendou uma sequência de grandes exibições, gols e assistências que impulsionou a temporada do Manchester United. O Arsenal surpreendeu ao brigar pelo título e retornou pela primeira vez desde a saída de Arsène Wenger. Discípulo de Guardiola, o time de Mikel Arteta também preza pelo coletivo, mas tem Martin Odegaard e Bukayo Saka entre candidatos a craque.
A garotada
Saka, aliás, está quase em outra categoria: a de jovens. O líder dessa talvez seja Jude Bellingham, pelo fator Real Madrid, pela experiência que acumulou na Bundesliga comandando o Borussia Dortmund e pelo que conseguiu fazer no primeiro mês da temporada em um time desfalcado. Outros garotos que têm capacidade para estourar, em uma mistura de potencial com a camisa que vestem, são Jamal Musiala, do Bayern de Munique, e Pedri, do Barcelona - ou Gavi, vai saber.
O RB Leipzig talvez limite o teto de um jogador que tem o pedigree de ter seguido os passos de Haaland, do Red Bull Salzburg para a Bundesliga, mas Benjamin Sesko é um atacante jovem e que já disputou duas fases de grupo da Champions League, embora ainda não tenha marcado. Foi contratado para um time em reformulação e há espaço para que se torne uma das referências de um projeto muito bem estabelecido do futebol alemão.
As recentes transferências de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi marcaram o fim de uma era. Longa e deliciosa, por mais que as constantes comparações às vezes incomodassem. A Arábia Saudita levou outro punhado de craques importantes dos últimos anos. Por outro lado, abriu-se uma janela para novas estrelas florescerem sem sombras gigantescas e está bem claro que não faltarão atrações para a Champions League.
Bom fim de semana!
Bruno Bonsanti
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Roteiro do fim de semana
Foto: DeFodi Images/Icon Sport
West Ham x Manchester City
Sábado, 11h (ESPN, Star+)
Será que o West Ham está de volta? Depois de duas temporadas seguidas no grupo de elite, os Hammers meio que brigaram contra o rebaixamento, enquanto avançavam ao título da Conference League. David Moyes chegou a balançar, e a saída de Declan Rice aumentou as dúvidas. As reposições - Edson Álvarez e James Ward-Prowse - parecem ter sido certeiras, e já são dez pontos em quatro rodadas. Hora de testar esse time contra o Manchester City, em busca do inédito tetracampeonato inglês e ainda com 100% de aproveitamento.
Barcelona x Betis
Sábado, 16h (ESPN, Star+)
O Barcelona está tentando defender o título. Foco no tentando por enquanto porque o desempenho do time de Xavi Hernández não é show desde a reta final da última temporada. O começo ainda não inspira tanta confiança, embora tenha mostrado brio para virar contra o Villarreal e tenha somado 10 pontos em 12 possíveis. Sexto colocado, o Betis de Manuel Pellegrini abriu a campanha com uma ótima vitória sobre o Submarino Amarelo e segurou o empate com o Atlético de Madrid. Também perdeu do Athletic Bilbao e bateu o Rayo Vallecano. Por enquanto, resultados bem normais.
Juventus x Lazio
Sábado, 10h (ESPN 4, Star+)
A sanção por fraude financeira bagunçou um pouco as coisas, e ainda houve uma queda de rendimento nas rodadas finais, mas durante alguns meses, Juventus e Lazio foram os melhores times da Itália - depois do Napoli, claro. A Velha Senhora perdeu Ángel Di María e está em busca de novas referências técnicas, à espera de uma recuperação de Federico Chiesa, por exemplo, ou um salto de Dusan Vlahovic. Tentará se manter pelo menos muito competitiva, se nem sempre brilhante. Maurizio Sarri conseguiu ser vice-campeão com base em uma forte defesa, irônico para o técnico que se notabilizou pelo jogo ofensivo, mas perdeu Sergej Milinkovic-Savic e começou a Serie A com duas derrotas. Ganhar do Napoli no Diego Maradona foi uma bela recuperação.
Internazionale x Milan
Sábado, 13h00 (ESPN 4, Star+)
Reedição da última semifinal da Champions League. O duelo parecia equilibrado, e até foi, mas no fim ficou claro que a Internazionale era um pouco melhor. Isso pode ter mudado após o mercado. A vice-campeã europeia perdeu nomes como André Onana, Marcelo Brozovic, Milan Skriniar, Edin Dzeko e Romelu Lukaku. Trouxe reposições veteranas de qualidade, mas ainda precisamos ver como tudo se encaixa. Enquanto isso, o Milan parece ter dado um passo à frente. Trouxe qualidade para o meio-campo e o ataque e as primeiras rodadas foram promissoras.
Real Madrid x Real Sociedad
Domingo, 16h00 (Star+)
Estranho o clima no Real Madrid. Pela tabela, tudo parece bem: quatro vitórias em quatro rodadas. Mas o mercado não trouxe Kylian Mbappé e mais ninguém de relevância além de Jude Bellingham, essencial para esses 12 pontos. Vinícius Júnior se machucou, Éder Militão e Thibaut Courtois devem perder a temporada, e há uma sensação de bomba prestes a explodir. Por sorte, ninguém tem mais experiência que Carlo Ancelotti para desarmá-la e será interessante ver como lidará com a Real Sociedad, que deslanchou ao vencer o Granada por 5 a 3 após três empates.